Análise de genes pode ajudar a medir a inteligência?

Entender nossos genes é fundamental para compreender nosso corpo, detectar e prever doenças, e orientar tratamentos, os estudos sobre o código genético têm evoluído nos últimos anos, o que nos
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10/09/2023

Entender nossos genes é fundamental para compreender nosso corpo, detectar e prever doenças, e orientar tratamentos, os estudos sobre o código genético têm evoluído nos últimos anos, o que nos possibilitou a descoberta de predisposições genéticas a certas condições e permitiu intervenções precoces e melhor direcionadas, mas seria essa também a chave para entender a inteligência humana?

A inteligência é uma das características mais importantes para o ser humano, ela foi fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento da espécie e cada vez mais tem sido o foco de estudos, já se sabe que, além de fatores externos, cerca de 50% da nossa inteligência tem relação com fatores genéticos.

Há muita complexidade quando se trata de relacionar a genética à inteligência, estudos recentes já apontam mais de 900 genes envolvidos nesse processo, para desvendar melhor esse processo altamente poligênico uma das técnicas mais utilizadas são os escores poligênicos (PGS) que combinam os efeitos de diversos polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) ao genoma para entender melhor a relação entre os genes e um determinado fenótipo, neste caso a inteligência, através de estudos GWAS - Genome Wide Association Studies - que identifica traços genéticos em comum em indivíduos com o mesmo fenótipo.-

Esse processo foi melhor estudado por uma equipe de pesquisadores da Alemanha e Luxemburgo e publicado na revista científica Human Brain Mapping que analisou 557 participantes livres de condições psicológicas ou neurológicas com cerca de 27 anos que foram submetidos a testes de medição de inteligência geral, genotipagem para cálculo do PGS e exames de neuroimagem.

Um dos principais destaques dentre as análises realizadas no estudo, os resultados da análise multimediadora indicaram associações positivas entre os escores poligênicos e a maioria das partes do cérebro analisadas (O estudo focou no parcelamento multimodal do Projeto Conectoma Humano, que tinha como objetivo compilar dados neuronais), em especial córtex motor primário, córtex pré-motor, áreas intraparietais, córtex órbito-frontal, opérculo parietal,giro temporal anterossuperior e córtex temporal posterior.

Por fim, o estudo concluiu que variações genéticas podem predizer com certa assertividade diferenças pessoais de inteligência e habilidades cognitivas, mas reforça que pouco se sabe sobre todas as variáveis envolvidas no processo de correlação entre a predisposição genética e inteligência.

O estudo reitera a complexidade da relação entre os genes e a inteligência humana que, mesmo com os avanços da ciência na compreensão e correlação entre ambos ainda há muitas minúcias envolvidas que ainda necessitam de estudos mais profundos, no entanto, a genética continua se posicionando, apesar de não unicamente, como um importante fator para o desenvolvimento de habilidades cognitivas.